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infança e juventude

Ganhou o apelido de Tostão ainda criança. Quando tinha sete anos, foi “convocado” para reforçar o time de várzea do bairro que enfrentaria os garotos do Atlético-MG. Ele só entrou no segundo tempo e parecia sumir no meio de meninos de 12, 15 anos. O garotinho marcou um gol e saiu carregado nos braços pelos companheiros.

Havia Toró e havia Tostão. Quem assistia às peladas no IAPI, um conjunto habitacional próximo ao centro de Belo Horizonte, garantia que o primeiro era o melhor. Mas envergonhado por ser portador de vitiligo, uma doença que provoca manchas na pele, ele se recusava e vestir um calção. Desistiu da bola. O companheiro, não. O time era Associação Esportiva Industriários Como era o mais mirrado e o mais novo do time, ganhou o apelido de Tostão (a moeda já era bem desvalorizada na época) e foi escolhido para jogar na ponta-esquerda, onde se especializou em chutar exclusivamente com a canhota. Um acidente aos 6 anos com uma das unhas do pé direito, impedia Tostão de chutar com o pé destro. O trauma foi superado somente 13 anos mais tarde na Seleção Brasileira onde o preparador físico Paulo Amaral o convenceu a treinar diariamente 200 chutes com a direita, para se tornar um meia completo.

[editar]Carreira

Tostão iniciou sua carreira no futebol de salão do Cruzeiro em 1961. Em 1962, com quinze anos e ainda no Cruzeiro, Tostão foi para a equipe júnior de futebol de campo.No mesmo ano, oAmérica Mineiro contratou o jogador que jogou apenas um ano no clube do coração dos seus pais.Em 1963, Tostão voltou ao Cruzeiro, clube que o projetou para o Brasil e o mundo. O então diretor Felício Brandi chegou atrasado mais de uma hora ao próprio casamento só para concluir a contratação de Tostão.Daí engrenou na carreira formando o famoso tripé com Wilson Piazza eDirceu Lopes.

Foi recolhido o seu talento, quando ao lado de Dirceu Lopes, com quem formou uma das duplas de maior talento no futebol brasileiro de todos os tempos.No ano de 1966, o Cruzeiro bateu o maior Time de Todos os Tempos, o Santos Futebol Clube, Bi-campeão da Copa Libertadores e do Mundo (1962/1963) e atual penta-campeão da Taça Brasil, que contava com nada mais, nada menos do que PeléPepeMauroZitoMengálvioGilmarCoutinho e outros grandes jogadores.O Cruzeiro era um time de garotos, que além de Tostão contava com Dirceu LopesWilson PiazzaRaul PlassmannNatal, entre outros.

Foi a noite mais mágica que o Gigante da Pampulha já teve. A maior partida da história do Cruzeiro e que fez com que ele hoje tenha essa grandeza. O time Celeste deu simplesmente um show no Santos, terminando o primeiro tempo em 5 a 0 para o Cruzeiro, comandado por Tostão e Dirceu Lopes. A partida foi encerrada em 6 a 2 para os mineiros, a derrota mais humilhante que o até então imbatível time da Vila Belmiro havia sofrido.Após a partida tiraram uma foto com uma coroa na cabeça de Tostão e que depois saiu em um jornal com o título: "O Novo Rei", uma vez que Pelé era o Rei do Futebol e havia perdido a partida, porém Tostão não aceitou o status, afirmando que o Pelé realmente era o Rei. Mas é indubitável o quão grande era a qualidade de Tostão, quem ousaria afirmar a existência de um novo Rei do Futebol com Pelé ainda em atividade.

Mesmo assim, Tostão era conhecido internacionalmente como o "Rei Branco" Futebol, já que Pelé era o "Rei Negro". Uma semana depois, o jogo de volta no Pacaembu, o Santos abriu 2 a 0 e os paulistas esperavam que a goleada fosse devolvida. No intervalo o presidente do Santos já tentava marcar o terceiro jogo que seria realizado no Maracanã. O Cruzeiro voltou motivado, e partiu pra cima. O nosso eterno craque perdeu um penalty e não se abateu, pelo contrário, jogou ainda com mais gana, marcou um gol épico de falta que deu início à reação,Logo depois, Dirceu Lopes empatou a partida (o empate já era o suficiente para o título),o incrível após o gol, o Santos não esboçou nenhuma reação. O Cruzeiroo é que continuou atacando. E o terceiro gol veio para coroar uma reação sensacional e fechar com chave de ouro uma campanha maravilhosa. Hilton Oliveira tocou para Tostão driblar vários adversários e entregar limpinha para Natal que livre, apenas encostou para fazer Cruzeiro 3 a 2 Santos. Foi uma alegria indescritível. O Cruzeiro era campeão brasileiro com duas vitórias sobre o melhor time do mundo,Tostão que tinha sido um dos responsáveis pelo titulo não esquece aquele jogo no Pacaembu. O Cruzeiro elevava o nome de Minas Gerais, que agora contava com um time que passou a ser respeitado internacionalmente pelo seu feito e também perdia o seu caráter provinciano com a construção do Mineirão e com o título da Taça Brasil.

Mesmo atuando no meio de campo, com a responsabilidade de armar as jogadas para os atacantes, Tostão é o maior artilheiro da história do Cruzeiro, com 249 gols.[1] Estabeleceu marcas no Campeonato Mineiro, quando sagrou-se o goleador por quatro edições seguidas: em 196519661967 e 1968. Foi ainda o artilheiro da última edição da Taça de Prata, em 1970.

Tostão fez sua última partida oficial pelo Cruzeiro jogando com a camisa 7 contra o Nacional de Uberaba, nesta cidade, em abril de 1972, pelo campeonato mineiro, que apontou o resultado final de 2x2.

Mineirinho de ouro, como foi apelidado, integrou o mítico ataque da seleção que conquistou o tricampeonato mundial em 1970, transferiu-se do Cruzeiro para o Vasco em Abril de 1972, na maior transação envolvendo clubes brasileiros até aquela época. Como jogador do Vasco, naquele mesmo ano, sagrou-se campeão da Minicopa pelo Brasil. A contratação de Tostão foi o símbolo do início de uma nova fase no Vasco, que passava por uma crise, e empolgou a torcida. Infelizmente, os vascaínos não puderam contar por muito tempo com seu futebol brilhante e inteligente.Em fevereiro do ano seguinte, após um amistoso do Vasco com o Argentinos Juniors, Tostão anunciou o final de sua brilhante carreira, com 26 anos. Uma inflamação na retina operada no jogo entre Vasco e Argentinos Juniors levou o jogador novamente a Houston e foi impedido de jogar com o risco de ficar cego. Um ano após chegar ao Vasco, abandona o futebol prematuramente. Tostão marcou seu último gol no dia 10 de fevereiro de 1973, contra o Flamengo. Dezessete dias depois, dá adeus ao futebol, após enfrentar o Argentino Juniors.

[editar]Seleção Brasileira

Estreou na Seleção Brasileira no dia 15 de maio de 1966, em amistoso no Morumbi, contra o Chile, no empate de 1 a 1.

O técnico era Vicente Feola. Aos 19 anos, em 1966, ele foi um dos 47 convocados para a seleção brasileira que se preparava para a Copa do Mundo da Inglaterra. Conquistou uma vaga entre os 22 e atuou apenas uma vez naquele Mundial relâmpago para o Brasil. O Brasil perdeu de 3 a 1 para a Hungria, em Liverpool, com gol dele. Foi um dos poucos que se salvaram da fracassada participação na Inglaterra.

Em 1969, ao lado de Pelé, levou o Brasil à classificação para o Mundial do MéxicoTostão foi o artilheiro das eliminatórias com 10 gols. A imprensa já o batizava de vice-rei. Tostão foi além das montanhas de Minas.Foi reserva de Pelé em alguns jogos em 1968, sob a direção de Aymoré Moreira. No ano seguinte, sob o comando de João Saldanha, virou o último parceiro de rei com a camisa amarela, 1969 foi o ano de sua consagração, Com dez gols, além de artilheiro, foi o craque das eliminatórias que classificaram o Brasil para o México.O próprio Brasil deve a ele, Pelé,Gérson e Jairzinho o tri de 1970.

Na Minicopa, meses depois, faria seus últimos jogos pela seleção. No início de 1973, novo exame com o doutor Moura em Houston poria fim a sua carreira. O médico o aconselhou a parar, sob o risco de perder a visão. Com apenas 26 anos, o tímido gênio que encantara personagens como Stanley MatthewsFerenc PuskasAlfredo di Stéfano e o escritor Hugh Mc’Ilvaney, que fora tema do filme Tostão, a fera de ouro, de Ricardo Gomes Leite, e da música O jogo, de Pacífico Mascarenhas, saia de cena discretamente, sem festa e sem jogo de despedida, com a mesma elegância com que desfilava pelo IAPI ao lado de Toró, o craque que não foi.

Pelo Seleção Brasileira fez,65 (55 oficiais) jogos, 36 gols. Ainda com menos de 20 anos disputou 8 jogos pela Seleção Brasileira, sendo 1 jogo não oficial, e marcou 7 gols.Seu último jogo pela Seleção foi na decisão da Taça Independência, em 1972, na decisão do torneio – Brasil 1 x 0 Portugal, gol de Jairzinho.

[editar]Deslocamento de retina

Corria o ano de 1969, ano em que se tornou titular na Seleção, a Seleção Brasileira está jogando um amistoso com os Milionários, em Bogotá, preparando-se para enfrentar a Colômbia pelas eliminatórias da Copa do Mundo poucos dias depois. Era o dia 1. º de agosto. Tostão, um dos maiores craques que o futebol mundial conheceu, domina a bola, mas não consegue evitar o choque com o zagueiro Castaños. E machuca o olho esquerdo, para preocupação de todos os amantes do futebol-arte.

No dia 24 de setembro de 1969, outro lance viria a dividir a carreira de Tostão. Jogava Cruzeiro e Corinthians, pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa, no Pacaembu, à noite. Tostão recebe o impacto de uma bola chutada pelo zagueiro Ditão de raspão no mesmo olho esquerdo. Sofre deslocamento de retina do mesmo olho esquerdo. A torcida, de Norte a Sul, acompanha sofrido o drama de um craque genial. Do craque e do cidadão Eduardo Gonçalves de Andrade, às vésperas do Mundial do México 1970. Dia 2 de outubro de 1969Tostão é submetido a uma cirurgia, emHouston (Estados Unidos), pelo médico Roberto Abdalla Moura, no Hospital Metodista de Houston.

Todos torciam para sua recuperação,um jovem de 22 anos, inteligente, culto, leitor de autores incomuns as seus companheiros de profissão, ligado nos acontecimentos do mundo, fã de dom Helder Câmara, preocupado com as injustiças sociais, defensor da liberdade e da democracia, temas nada afetos ao universo do futebol. Saldanha caiu na seleção, deu o lugar a Zagallo. Este não acreditava na recuperação do craque mineiro, que era liberado para voltar às atividades a três meses da Copa. O médico Lídio Toledo, também não. Mas, não se sabe se por feeling, pela velha estrela, por superstição, o fato é que Zagallo deu todas as chances a Tostão.

Às vésperas do embarque, o craque reassumiu seu lugar no time, ao lado de Pelé. E a dupla atuou as seis partidas da epopéia do tricampeonato mundial. No dia seguinte a cada jogo, o doutor Moura era personagem de uma operação sigilosa que o levava à concentração brasileira, para examinar o olho esquerdo que mais preocupava o Brasil. Mesmo com todo risco e com desconfiança dos dirigentes, com a camisa 9 Tostão disputou a Copa de 1970 e volta do México com seu mais importante título: tricampeão mundial. Quem não se lembra da jogada genial na partida contra a Inglaterra, quando driblou vários adversários e originou o gol da vitória, feito por Jairzinho. Fez ainda dois gols contra o Peru naquele Mundial. Boa parte da crítica européia o apontou como o maior craque do Mundial.

Afinal, disputar uma Copa sem o talento inigualável de Tostão seria um risco muito grande. Por força de um sopro dos deuses da bola, Tostão venceu todos os obstáculos e foi ao México, onde desfilou jogo após jogo, toda a sua arte. De seus pés – e de seu cérebro – surgiram jogadas empolgantes e gols decisivos. E Tostão, que por pouco não foi à Copa, acabou-se transformando em um dos heróis da conquista do tricampeonato mundial pelo Brasil. Para a imprensa européia, foi o melhor jogador da Copa.

[editar]Pós carreira

Em 1975, passou nos vestibulares da Faculdade de Ciências Médicas e da Escola de Medicina da UFMG. Optou pela segunda e formou em medicina (clínica geral) em 1981.Dr. Eduardo se recolheu a uma vida simples, tipicamente mineira, ao lado de sua mulher e seus filhos, deixando o Tostão para ser – com muita justiça – idolatrado pelos torcedores que jamais esquecerão a sua imagem.

Voltaria ao futebol na década de 90, principalmente em 1994, após a Copa de 1994, como comentarista esportivo e colunista de várias televisões e jornais.Em 1993 consta que Tostão era médico e professor da Faculdade de Ciências Médicas e recebeu uma homenagem pelos seus feitos no Cruzeiro.Em 1997, com 50 anos, médico e comentarista de futebol, Tostão reencontra agora um novo prazer na vida: escrever. Tostão escreveu o livro de memórias “Lembranças, Opiniões e Reflexões sobre Futebol”, pela editora DBA de São Paulo, lançado nacionalmente 23 de agosto.

Um ídolo para todas as idades. Para chegar a esta condição, o ex-atacante esbanjou talento pelos gramados de Minas e do mundo.Com ele, o Cruzeiro acumulou títulos e prestígio internacional.

Tostão ficou marcado ao longo de sua carreira pela sua visão de jogo, com passes explêndidos deixava os atacantes em excelentes condições para marcar. Possuía toques sutis, inteligência notável para se deslocar e armar o jogo, um gênio do futebol mundial. Mesmo jogando no meio-campo para municiar os atacantes, era também artilheiro, possuía a capacidade de dar o drible curto contra o adversário com facilidade, tinha uma visão de jogo ímpar, foi um dos melhores cobradores de falta do Cruzeiro, também treinava sozinho após os treinos do Cruzeiro, para se aperfeiçoar e corrigir defeitos.